domingo, 7 de setembro de 2008

METADE

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio

Que a musica que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza

Que o homem que amo seja pra sempre amado mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade

Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a uma mulher inundada de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção

E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

Osvaldo Montenegro

Um comentário:

Carla Roberta disse...

Bom dia Flor do diaaa...
Tudo bem??
Espero que sim!!
Olha, tenho um prêmio pra você no meu blog de mimos... Você já conhece né?!
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Bjooo... Boa semana, fica com Deus!!