sábado, 23 de maio de 2009

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Não chamem o meu falecimento de leito de morte,
mas de leito de vida.
Doem minha visão ao homem que jamais viu o
raiar do sol, o rosto de uma criança, ou o amor
nos olhos de uma mulher.
Doem meu coração a uma pessoa cujo coração
apenas experimentou dias infindáveis de dor.
Doem meu sangue ao jovem que foi retirado dos
destroços de seu carro, para que ele possa viver
para ver seus netos brincarem.
Doem os meus rins às pessoas que precisam de
uma máquina para viver de semana em semana.
Retirem meus ossos, cada músculo, cada fibra e
nervo do meu corpo, e encontrem um meio para
fazer uma criança inválida caminhar.
Explorem cada canto do meu cérebro. Retirem
minhas células e deixem-nas crescerem para que
um menino mudo possa ouvir o gritar em um mo_
mento de felicidade, ou uma menina surda possa
ouvir o barulho da chuva de encontro à sua janela.
Queimem o que restar de mim e espalhem as cinzas
ao vento, para ajudarem as flores brotarem.
Se fizerem tudo que pedi, estarei viva para sempre.

Autor desconhecido
mas eu, Marilda
assino embaixo.

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